Caso clínico – Tratamento osteopático em paciente com diagnóstico médico de hálux valgus bilateral

 

Nome: Paulo Henrique Ferreira

Paciente : T.C.S.                                          Idade: 74 anos

Queixa principal: Dor no hálux bilateral com dificuldade para calçar os sapatos e deambular.

Queixa secundária: Dor lombar ao movimento de flexão da coluna no TMG.

H.M.A: O paciente relatou quadro álgicos no hálux bilateral, gerando incapacidade para executar suas AVDs. Início dos sintoma – 3 meses.

Procurou serviço de ortopedia, realizou uma radiografia e foi diagnosticado com Halux Valgus. Foi prescrito pelo médico um anti-inflamatório para uso de 15 dias. No retorno médico, após uso do fármaco, não apresentou melhora no quadro e o mesmo sugeriu uma intervenção cirúrgica para o próximo mês.

Em seguida, por indicação de outro paciente, nos procurou para uma avaliação.

Anamnese e Avaliação

– Dificuldade para deambular, dor a palpação do hálux e edema local.

– Escala Visual Analógica (EVA) – 8.

– Póstero-Estático: Plano escapular anterior – 3 a 4 níveis.

-Teste de Mobilidade Global (TMG)  – limitação em flexão da coluna vertebral– padrão de dor miofacial.

-Ao ser questionado sobre cicatrizes, relatou 3 cesáreas e uma histerectomia total (retirada do útero e anexos).

-Relatou que cuida do marido acometido de um AVCi (acidente vascular cerebral isquêmico), e que encontra-se acamado faz há 4 meses e com esforço para cuidar do marido, intensificava os sintomas. Relatou ainda, não ter ajuda de ninguém e isso a deixava desesperada.

Diagnóstico Osteopático

Palpação auscultatória global: Alavanca longa, anterior, pendulando para a fossa ilíaca direita.

– Palpação auscultatória local: ceco (inserção da raiz do mesentério). Aumento de densidade e dor na região da fossa ilíaca direita e esquerda – supra e infra umbilical.

Teste do pulso radial para verificar se a cicatriz e patológica. Cicatriz apresenta-se hipertrófica, hiperêmica e sensível em sua porção medial.

Obs: As cicatrizes patológicas medianas provocam plano escapular anterior devido a contração muscular abaixo do diafragma pela ativação do interneurônio Gabaminérgico ao nível medular. Isso resulta em uma alteração do centro de gravidade provocando sobrecarga no ante pé. Esse plano gera também as forças anormais contrárias nas facetas articulares e solicitação excessiva do sistema miofascial lombar, que tentam compensar o plano anterior, justificando a sintomatologia lombar e dedos dos pés.

 Tratamento

  • 1ª sessão : executado técnica de mobilidade e motilidade do ceco. Para raiz do mesentério na fossa ilíaca direita, sigmóide na fossa ilíaca esquerda, úraco na região infra umbilical mediana e para ligamento redondo do fígado foi utilizado stretching. Para neutralização das cicatrizes , foi utilizado estiramentos e gelo spray .

Fonte : Adaptado de Busquet- Vanderheyden , 2009

Cicatriz patológica

  • Houve melhora significativa na dor dos dedos e lombar (EVA 03) retornando a deambulação normal. Foi orientado a executar em casa massagens com óleo essencial para as cicatrizes, crioterapia no hálux em imersão 3x ao dia por 20´, e foi orientada a conversar com os filhos para contratar ajuda com o marido que estava acamado.
  • Na segunda sessão após 7 dias foi executado técnica crânio-sacral, a paciente relatava quase nenhuma dor (EVA  01) e que havia conversado com a família e decidiram desmarcar a cirurgia.
  • Na terceira sessão, 7 dias depois foi ensinado alguns alongamentos e orientação de práticas esportivas, já havia voltado as caminhadas no parque sem dor alguma. A família havia contratado uma enfermeira.

Pré-intervenção: plano anterior com solicitação das cadeias musculares cervicais , provável gasto energético acima do normal , sobrecarga no antepé.

Pós-intervenção: normalização do plano escapular retificando o centro de gravidade que permaneceu ao longo das semanas, a paciente decidiu voltar a pé para casa .

Um dos principios Osteopáticos é a “auto cura”, cabe a nós como profissionais observar e interpretar quais obstáculos estão limitando o organismo naquele momento.

Nesse caso , a ”joanete” e a dor lombar eram consequências de um desajuste do sistema tônico postural em virtude das cicatrizes patológicas e tensões miofasciais que alteraram o centro de gravidade gerando solicitações indevidas que foi corrigido com as técnicas adequadas .

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