O Gânglio Cervical Superior

 

Dr. William Smith DO

Quem escreveu este artigo foi o nosso primeiro professor de anatomia e fisiologia, Dr. William Smith DO.

Conversaremos sobre o Gânglio Cervical Superior (GCS).

Cada gânglio da grande cadeia de nervos simpáticos possui funções especiais e importantes, mas é GCS o que recebe a maior responsabilidade.

Anatomicamente, sabemos que o GCS está localizado ao nível das apófises transversas das três primeiras vértebras cervicais (figura 2). Essa estrutura se comunica com um grande número de nervos e órgãos mais que nenhuma outra estrutura, e está diretamente relacionada com três nervos cranianos (nervo vago, glossofaríngeo e hipoglosso), participa da formação de vários plexos, como o carotídeo e cavernoso, e emite ramos que fazem inervação da laringe e outra rama que caminha para o plexo cardíaco.

Figura 2: Gânglio Cervical Superior

 

No plano fisiológico, sabemos que uma das funções particulares do Sistema Nervoso Autônomo Simpático (SNAS) é de controlar o tônus do sistema muscular não estriado distribuído pela parede muscular de cada vaso sanguíneo, canal ou órgão do corpo.

É sobre o GCS que são realizados muitos dos trabalhos osteopáticos, e o objetivo deste curto relato é reconhecer o valor dos numerosos efeitos que podem ser produzidos por sua estimulação ou inibição.

Sabemos que o SNAS é um acelerador do coração, cuja ação se opõe ao do nervo vago, que é um inibidor. A ação do nervo vago é constante, enquanto que o SNAS atua somente quando estimulado, seja de maneira direta ou de maneira reflexa.

Poderíamos comparar os gânglios a transformadores elétricos, onde o gânglio recebe as informações cérebro-espinhais através das ramas comunicantes e transforma essa energia em informação neural simpática.

“As coisas são como são, e não é difícil de imaginar que, se o gânglio recebe energia de quatro nervos cervicais, se pudéssemos reduzir ou impedir a passagem das informações neurais para o gânglio, diminuiremos em mesmo grau a informação do SNAS”.

Podemos, segundo o nosso desejo, produzir a estimulação ou a inibição de um nervo. Se pressionarmos repentina e suficientemente forte o nervo ulnar na região do côndilo interno do úmero, sentiremos manifestar sua ação fisiológica posta em evidência por dor e irradiação para a borda ulnar do quinto e quarto dedos, associado à contração dos músculos inervados por esse nervo. Porém, se nossa pressão for menos intensa e prolongada, vamos inibir o nervo e promover uma sensação de entumescimento na mesma região, associada a uma perda temporal do controle muscular.

Relação Artérias x Gânglios

As artérias do corpo podem ser divididas em três grupos segundo seu calibre (grandes, médias e pequenas). As primeiras possuem pouco tecido muscular e muito tecido elástico; nas médias, a proporção é parecida, porém as de pequeno calibre contêm muito tecido muscular e pouco elástico, e o SNAS é muito atuante sobre as artérias de pequeno calibre.

Estimulação

É bem conhecido que uma pressão sobre o primeiro nervo espinhal durante um curto período irá controlar a dor de cabeça congestiva. A pressão nesse caso é somente durante o tempo necessário para produzir uma estimulação do nervo simpático e aumentar sua atividade quando queremos obter uma vasoconstrição e diminuir o volume de sangue na cavidade craniana e assim melhorar as dores de cabeça.

Inibição

Em casos de uma pressão inibitória sobre os quatro primeiros nervos cervicais que inervam o GCS, encontrará em toda a região de distribuição das ramas desse gânglio um relaxamento das pequenas artérias. Teremos alguns efeitos testemunhas, de acordo com as leis fisiológicas:

  • Redução da ação cardíaca e ritmo de pulso.
  • Redução da temperatura corporal.
  • A pele se tornará avermelhada.
  • Aumento das secreções salivares e lacrimais.
  • Ação indireta nos pulmões, gerando uma alteração da respiração que se torna mais lenta e profunda.

Dessa maneira, o nervo vago pode dominar livremente.

Essas leis são igualmente aplicadas em qualquer outro gânglio do sistema simpático e sua ação é evidenciada muito rapidamente. Já encontramos resultados para os casos dos gânglios torácicos que constituem os plexos pulmonares, na região lombar, nos gânglios esplâncnicos, no abdome inferior e na pelve.

O osteopata conhece bem como produzir uma estimulação ou uma inibição dos gânglios por meio dos nervos que estão associados a eles a partir da medula espinhal, e os resultados de tais estimulações ou inibições, em qualquer área simpática do corpo, podem ser previstos por qualquer um que tenha compreendido o que é a Osteopatia.

Muitas coisas ainda estão por serem descobertas sobre o SNAS, porém sabemos que a melhora do nosso conhecimento é irrigada de uma única fonte: pela observação clínica do tratamento osteopático.

Figura 3. William Smith DO foi professor de Anatomia do Colégio de Osteopatia de Kisksville na década de 1890

 

Escrito por:

Escrito por: Profº Márcio Aragão Nagamine, CEI.

 

Referência:

Texto traduzido e adaptado do livro: La fisolofía de la osteopatía, 1899. Pág. 217-221.

 

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