Conhecendo Osteopatas: André Sadao Ocamoto

Entrevista

Formação:
Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário de Adamantina (UniFAI);
Formação completa em acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Acupuntura e Massoterapia (IBRAM);
Pós-graduação (Lato Sensu): especialização em Acupuntura Sistêmica. Faculdade Tecsoma – FATEC;
Formação completa em Osteopatia pelo Instituto Docusse de Osteopatia e Terapia Manual (IDOT).
Formação completa clínica-escola de Osteopatia. Instituto Docusse de Osteopatia e Terapia Manual – IDOT/ Presidente Prudente-SP,
Pós-graduação (Lato Sensu): Terapia Manual e Técnicas Osteopáticas. Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

Aos 15 anos você já tinha sido eleito por três vezes o 3º (terceiro) melhor do Estado de São Paulo no atletismo nos 100 metros rasos, isso o influenciou na escolha da faculdade?

A: Sim, pois tive uma entorse de tornozelo aos 14 anos em um jogo de futebol e tive que fazer a recuperação na clínica de fisioterapia da faculdade hoje UniFAI antiga FAI, e também tive influências de tios, primos e irmão que foram trabalhar no Japão e por lá eles estudaram, aprenderam e se formaram em técnicas orientais, ao retornar para o Brasil alguns deles estão seguindo a careira de terapeutas orientais.

Na faculdade, você já pensava em atuar como fisioterapeuta esportivo?

A: Não, pensava em atuar na área de fisioterapia convencional com aparelhos, eletroterapia, analgesia, beneficiar os pacientes no geral; sonhava em ter uma clínica, com um núcleo de reabilitação, mas no decorrer do curso fui conhecendo as matérias, os professores, os amigos e as pessoas voltadas para a terapia manual e na área do esporte pelas quais me identifiquei. Durante o decorrer do curso, já conhecia algumas lesões por já ter passado pelo processo de reabilitação e, além disso, ouvia muito o nome do Zezé nos corredores da instituição, devido aos funcionários e aos pacientes que ele já havia tratado, sendo assim, tive interesse em conhecê-lo, pois havia sido professor da instituição há 2 anos e mesmo assim as pessoas se recordavam dele. Dessa forma, a curiosidade de conhecer a pessoa e a filosofia da osteopatia, método pelo qual ele utiliza, foi bem grande, juntado o útil ao agradável.

Quais razões o motivaram a cursar Osteopatia? Como fisioterapeuta esportivo, como a osteopatia o ajudou?

A:

O interesse pela osteopatia é devido ao curso ser de terapia manual e utilizar apenas as mãos como ferramenta de trabalho e sempre ouvir os pontos de vista dos professores e amigos graduados em relação ao custo dos aparelhos, inovação, tecnologia e o bem-estar dos pacientes.
A osteopatia me ajudou tanto na fisioterapia esportiva, quanto na parte pessoal, profissional e como ser humano de modo geral, principalmente na forma de pensar, tratar e no cuidado com os atletas, pacientes e relacionamentos. Por exemplo: no entorse de tornozelo, na dor localizada, ou na queda, no trauma durante os jogos, cada um apresenta um grau de lesão; sabendo diagnosticar qual, como e onde foi o mecanismo que acarretou aquela lesão podemos diferenciar se é neural, muscular, ligamentar, articular, ósseo e desvendar os motivos pelos quais pensamos nesta cadeia lesional, como forma de pensar no “caracol”, o qual faz diferença, pois enxergamos o indivíduo como um todo e assim seguimos os PRINCÍPIOS da osteopatia – A estrutura governa a função, a unidade do corpo, a autocura e a regra da artéria.

Você já trabalhou em algumas modalidades inclusivas, como: futsal e handebol para surdos; a abordagem osteopática difere para esses atletas? Qual conselho você daria aos osteopatas que, eventualmente, atendem pacientes surdos?

A:

A abordagem com o atleta surdo difere apenas na comunicação, pois foi necessário fazer um curso para que a comunicação fosse mais eficaz e obter uma anamnese mais completa. Em contrapartida, esses atletas não diferem para mim ao abordar utilizando as técnicas osteopáticas, pois desde o começo não via a surdez como limitação e sim obstáculo a comunicação.
O conselho que dou aos osteopatas interessados nessa área é estudar Libras, que é a linguagem que os surdos utilizam para a comunicação. Caso não seja possível este estudo, basta ser o mais claro possível ao utilizar a linguagem da fala, pois muitos deles realizam a leitura labial, ou até mesmo gesticular com as próprias mãos. Nem todos da comunidade surda têm 100% de perda auditiva, então, ao utilizar a fala muitos conseguem além da leitura labial ser ajudados por aparelhos auditivos. Além disso, eles são acessíveis e gostam de ensinar a comunidade que tenha interesse.

Diferente de um esporte individual onde os méritos e insucessos são, geralmente, atribuídos ao atleta, participar/contribuir para o sucesso em modalidades de esportes coletivos, como futsal e handebol, é, especialmente, gratificante. Qual a contribuição do fisioterapeuta osteopata ao sucesso da equipe?

A: Penso muito em servir as pessoas – fazer o meu melhor e somar com outros membros da comissão técnica. Em consequência disso, ao associar as técnicas osteopáticas com a acupuntura é possível tratar uma lesão em menos tempo, sendo o suficiente para o atleta poder voltar a partida ou entrar no próximo jogo. Acredito que o sucesso aparece, pois todos têm o seu mérito, nesse caso o fisioterapeuta osteopata tende a agregar a equipe para recuperar os atletas e dar mais oportunidades para escalação. Uma frase que me toca muito é do Astro Americano do Basquete Michel Jordan que diz “O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos”.

Uma das maravilhas do esporte é a possibilidade de “igualar” a todos. É certo que os atributos físicos, intelectuais, as condições de vida, podem beneficiar uns a outros. Mas, com esforço, dedicação vemos muitas pessoas sem privilégio algum tornarem-se exemplos de atletas no mundo afora. O quão gratificante é ver a superação dos surdo-atletas ao conquistarem prêmios tão expressivos mundialmente, como representantes do nosso País, sem qualquer auxílio, além daquele prestado por voluntários como você?

A: É expressivo a forma como cada atleta se emociona ao superar todas essas barreiras, seja preconceito, seja ausência de qualquer benefício, muitos necessitando realizar “vaquinhas” para poder comprar passagens para treinos, campeonatos e ajudar na alimentação, e mesmo diante de tanto, conseguem conquistas e resultados excelentes. É muito gratificante ver no olhar de cada um dos surdo-atletas que mais uma barreira e uma etapa foi vencida mesmo com tantas dificuldades. Eu me sinto privilegiado em ter a oportunidade de conhecer e conviver com essa comunidade, há muito preconceito de todos os tipos, referente a classes, raças, gênero, e eles conseguiram superar todos esses, uns abdicando de trabalho, família e recursos financeiros. Uma pena para o esporte, pois ele é pouco divulgado e não é valorizado; apenas alguns esportes no Brasil têm o privilégio de ter uma remuneração, com bons patrocínios, e ser divulgado na mídia. Espero que com a evolução da tecnologia e com os bons resultados que os surdo-atletas têm conquistado, as pessoas comecem a ter outro ponto de vista e valorizem/divulguem mais essa comunidade.

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